SOMOS INSEPARÁVEIS

Somos inseparáveis...

Somos três contos inenarráveis 

Inseridos na misteriosa antologia de Deus,

Em busca do que Ele prometeu...

Somos uma trindade,

Uma tríade,

Solitária e carente...

Precisamos de gente...

Ninguém entende,

Porque não enxerga...

O egoísmo cega... 

E a folga se apega...

Pois não vive em problemas

Quem sorrir por aí?

Pois só tu achas o dilema 

De sofrer por aqui?

''Ah, vá tamar na ki!''

Somos um trio,

Andando no meio-fio,

Na terceira margem do rio

Atemporal... 

Vivendo num vendaval

De coisas ruins,

De coisas boas... 

A gente não mostra machucados e pus

Para outras pessoas...

Somos inseparáveis,

Quase inquebráveis...

Mas se quebra um,

Parte todos...

Rafael Luiz Santos

Qual é qual

Somos garotos,

Somos crianças

E não pensamos na morte!

Vivemos marotos,

Na esperança 

De viver uma vida sem cortes...

Na margem da ilusão,

Não vemos a passagem das horas,

Esquecemos que temos só o agora 

No fulgor da ambição...

Somos imaturos,

Não importa a idade,

Ainda há o que aprender..

Sempre tamos em apuros.

Não importa a cidade, 

Sempre vamos sofrer...

Ser feliz é ser feliz,

Não é o que se pensa nem o que se diz,

Não adianta passar giz 

Nos problemas...

Não adianta enfeitar o poema...

Tudo é simplesmente complexo

E difícil de se explicar com versos...

Há coisas que é a escolha,

Há coisas que é o destino;

E nós seremos sempre o menino, 

A perguntar qual é qual...

Rafael Luiz Santos 

Nota de solidão

Solidão

Toca o violão 

Da madrugada

Não é tudo

Nem nada 

É poço sem fundo 

Que me deixa de mãos atadas 

Expectativa , expectativa 

Não vive sem tá na ativa 

Seria feliz se não a tivesse

Eu, você, o mundo estremece 

De desejos sem sentidos

Seria melhor não os ter tido 

E agradecer o que já tem 

O que já foi ganho 

Mas ninguém 

O faz

E eu também não me acanho 

Jamais...

Rafael Luiz Santos 

MEU LADO OBSCURO

Lúgubre

Lúgubre

Lúgubre

Ele se veste fúnebre

Ele se esconde nas trevas do eu

Cobra o que ninguém prometeu

Quer libertinagem

Quer fornicação

Só entende a linguagem

Da curtição

Ele mata mil vezes a pessoa que odeia

A incerteza é sua teia

A me prender

A me enlouquecer

Ele alega que nunca vou crescer   

Se eu for bonzinho

E diz que perecerei sozinho    

No miasma do escuro

Onde não há fenda de futuro 

Mas eu oro, rezo e me curo 

Para não cair nas graças dele

Do meu lado obscuro.

Rafael Luiz Santos 

Minha cabeça trovoa

Minha cabeça trovoa,

Anda, canta,entoa 

Onde meu corpo não voa.

A vida não é boa 

Pra quem veste olhos maus...

São várias máscaras,  parece Carnaval;

Minha cabeça trovoa,

Ecoa, soa 

E vê o íntimo das pessoas...

No  silêncio de suas falas,

A verdade não se cala;a

Minha cabeça trovoa 

E pega, à toa,

As nuances controversas 

Das pessoas;

Percebe quem versa;

Minha cabeça trovoa 

E nada  nesta complexa lagoa 

De inquietação uníssona 

Das personas

Que capto nos versos das pessoas...

Rafael Luiz Santos 

Dia de Língua

A Língua trava na treva da boca, 

Trova, trovoa, trota na rouca 

Silenciosa noite louca.

Da solicitude.. 

Aqui tem que ter atitude

Para manter a língua na plenitude 

De sua vocação,

Mesmo quando se encontra em solidão 

Entre dentes brancos 

Que podem lhe causar dor em tanto,

Fazendo movimentos errôneos 

Quando mascam estes chicletes contemporâneos 

De terror..

Descolor...

Não é fácil ser língua  hoje em dia...

Ela é taxada por falas sem sua autoria,

E quando há, 

Lhe falta o falar

E o ouvir.

Dias melhores estão por vir?

Enquanto isso, a língua torce,

Se contorce  

A pronunciar palavras com áspera tez, 

Vencendo um dia de cada vez!

Rafael Luiz Santos 

Palavras jogadas ao vento

Palavras jogadas ao vento...

É uma perda de tempo

Ouvir e falar;

É a vaidade quem tá lá,

A falar por ti,

Recitando poesias que não senti..

Palavras jogadas ao vento...

É promessa ao relento,

Dizeres sem intento

De se cumprir,

Falar sem o agir...

Palavras jogadas ao vento...

É fácil, eu invento!

Não tem fundo e fundamento

É o santo do pau oco;

É mentir até ficar rouco...

Palavras jogadas ao vento...

É letra sem sentimento, 

Vazia, 

Com harmonia,

Mas sem poesia,

Que derrete na boca de quem fala,

Numa atitude que não calha...

Rafael Luiz Santos                

VULNERABILIDADE

Vulnerabilidade 

Pode ser Saudade 

Pode ser falta de fraternidade 

Falta de amor 

Infelicidade 

Só sabe quem sente a dor 

Uma doença psicológica ou física 

Não precisa ser uma pessoa tísica 

Pra sofrer 

Não precisa morrer 

A vida é torta 

Do jeito certo

O que importa 

Ter amor por perto...

Rafael Luiz Santos

BELEZA

A beleza se esvai 

Com tempo 

Pra nós humanos 

Basta um sopro dos anos 

Objetivamente,  

A beleza não existe

É subjetivamente 

Que sua visão insiste 

Em ver 

Não deixe-a impedir 

De ser você 

Não deixe-a repelir 

O seu crescer 

Pois tudo é belo 

Aos olhos de quem ver.

Rafael Luiz Santos

BLUE MOON

Entre sonhar e realizar, 

Há uma travessia...

Para atravessar

É uma luta em demasia...

É muito sangue a derramar

Nas palavras desta poesia...

É um lutar

Sem ver o dia;

O caminhar

Da teimosia...

Perdeu um sonho?

Pegue mais de um 

E faça um rebanho

No iluminar de sua Blue Moon...

Rafael Luiz Santos 

tão belo

Tão belo e inteligente

Tão singelo e coerente

Que vivo descontente

Acham-me um presente

Quando estou ausente

Vivo numa lente 

Que não sei o quê e onde comumente

Foram tantos os entes

Que fiz prevalecer-me incosequente

Hoje sou taxado de  descrente 

Por não ter no meu presente

A vida eloquente?

Sou inocente?

Que a eles indiferente

Andam lunaticos nas suas mentes

Paulo Sousa 

 

Casa

Quem casa

Quer casa

Não tem casa 

Não tem asas 

Quem tem asas 

Não deseja casas

Quem descasa 

Não volta pra casa

Sem teto

Tem casa 

Na rua

Sem terra 

Tem casa 

Na lua

Na guerra 

De ter casa 

Pra morar  

O corpo é uma casa

Que precisamos cuidar 

Sem abusar do divertir 

O mundo é uma casa a dividir

O acaso casou em casa 

Porque não existe 

É mera desculpa

Não insiste 

Não tem culpa 

O vizinho 

Por ser diferente 

É você que está sozinho 

Sempre insolente

A prender Deus 

Numa casa 

Se Ele nos prometeu

Muita casas 

RAFAEL Luiz Santos

Só basta sonhar

Ele sonhou com 

Aquele tom

De esperança

Que apetece

Sua criança;

Esse tom não  cresce 

E é verde,

Não tende

A se realizar

Só basta sonhar ...

Rafael Luiz Santos

Ela é tudo

Caiu 

Se ralou toda.

Saiu

De uma vida tola

Decidiu 

Deixar essa mesmice gorda 

De  infelicidade 

Deixou as migalhas pra trás 

Deixou a cidade 

E percebeu ser capaz 

De  tomar a  rota de sua vida 

Que apesar das dores 

Pode ser divertida 

Não é  um buquê de flores 

Mas é ótima de ser vivida 

Ela descobriu 

Que  seu rio 

Não  precisa de ventos masculinos 

Para guiar seu destino 

Percebeu

Que ninguém prometeu 

Nada 

E que  fadas

Não existem 

E  a ciência é falha

Nada definiu o ser humano 

Preso em seu cotidiano 

Ela viu que tudo é cíclico 

Alegria vai 

Tristeza vem 

Que tudo se esvai 

E se deseja o que não tem

Tudo é um grande redondo circo 

E que todo funciona num cínico

Sistema 

Alienante 

Que teima 

Em fazer sentido 

Ignorante 

Poderia ter sido 

Maravilhoso 

Se não  fosse tão corrupto

E leproso 

Num tempo interrupto 

Ela ignora tudo 

Com esses versos enxutos.

Ela é tudo 

Anda pelo mundo 

Ela é a noiva 

É dia

É simplesmente poesia!

Rafael Luiz Santos 

CURAM-SE AS FERIDAS

Curam-se as feridas;

Não foi uma luta perdida;

É só o começo...

No silêncio

Das fragilidades,

Me estremeço,

Pois o tempo come minha idade...

Vil é o desejo

Que cospe as vontades na cara

E vira ansiedade e não para 

De me afogar em suas águas fedidas...

Curam-se as feridas,

Que ao amanhecer, 

Estou forte...

Sem esquecer

A sorte...

Curam-se as feridas, Jeová...

Aonde quer  que  eu vá,

Seja pra rua,

Seja pra lua,

Eu irei me regenerar...    

        Rafael Luiz Santos

BORBOLETA

A borboleta que pousa na flor

Sou eu, meu amor,

Em ti...

Nunca senti

Um tão saboroso néctar como o seu;,

É um amor que ninguém prometeu...

É simples e inocente,

Não se pensa, só se sente...

Vem de Deus, da Natureza...

É a mais pura Realeza 

De reinos verdejantes,

Cósmicos e radiantes...

Que remetem muitas vidas

De vindas e despedidas,

De saídas e chegadas...

Sem rastros, sem pegadas,

A gente sempre se encontra

Num conto que não se conta...

             

Onde, num loop temporal,

Ficamos presos

Neste nosso louco normal...

É o leve peso

Da borboleta

Sobre a flor vermelha anacoreta...

Rafael Luiz Santos 

          

Amor

Sou o amor 

Que não se  pensa,

Como um frescos 

Que não dispensa 

Refrescar a sua  alma 

Nas manhãs de domingo

Com paciência e calma;

Deixa  comigo,

Que eu acalento tudo 

E mergulho no fim  do mundo 

Com você!

Sou o amor que  não quer crescer, 

Que sobreviveu à paixão, 

O que permaneceu daquela explosão...

Sou o amor com ar de amizade,

Aquele que já tem a vaidade 

De te pertencer,

Que te ama e respeita de verdade,

Com o jeito fraterno de ser..

Sou o amor experiente,

Aquele que não mente;

Sou o amor que já envelheceu

E não me importa louca juventude 

Que já morreu...

Me importo só com as atitudes 

Que fiz ao teu lado;

E, graças a isso,

Sou um amor eternizado!

Rafael Luiz Santos 

Atleta

Há muito tempo,

Corria de mão em mão,

Mas meu coração 

Não andava nelas;

Era livre  como o vento,

O ego era meu templo 

De  perdição com elas...

Já Você é daquelas 

Que eu corro,

Que eu morro,

Pra não te perder;

Agora que consegui crescer,

Você quer me  largar?

Não dá pra me amar 

Mais um pouquinho?

Não quero envelhecer sozinho...

Me recuso a ser libertino 

E virar um menino 

Sem dona 

Novamente!

Não quero retomar essa maratona!

Só de pensar, me dói a mente...

É uma jornada delinquente

No  vácuo da madrugada,..

É ter tudo e nada...

Um sonho imbecil 

De gente vil 

E fútil...

Quero ser um homem útil!

Basta de sacanagem

Chega de libertinagem!

Isso fica no passado....

Se não for você, 

Outra vai ficar do meu lado!

Porque sou atleta,

Sou poeta 

E pateta?

Eu sou o campeão perdedor,

O grande (pe)pecador!

Rafael Luiz Santos 

Meu amor é pássaro

Meu amor é pássaro,

Passarinho,

Que pousa no teu dedo;

Do que tem medo 

Se nascemos sozinhos?

Gaiola 

É amor que pede  esmola!!.

Não me prenda lá...

Não estou a brincar

Contigo;

Serei mais que amigo,

Basta esperar 

A primavera chegar...

Rafael Luiz Santos 

O banquete

Toda vez que anoitece,

O amor amanhecer 

Sobre nós dois;

À noite, somos feijão com arroz;

Nosso sexo sustenta mais que Baião de dois...

Adoro o seu sabor

No fulgor 

Da cozinha,

Ao  vapor 

De suores,

Toda salgadinha 

Nesta mesa de mármore 

Fria a esquentar 

Nosso fetiche alimentar,;

A maciez 

De sua pele  

Com a tez 

De um rondeli

De morango...

Ah, que doce tango!

Degusto sua vulva

Como uva,

É uma framboesa 

Com a aspereza 

De lichia,

Sulcando numa doce harmonia!

De dia,

Minha pobre língua

Quase mígua 

Com tanta insatisfação,

Com tanto tesão

Na tua falta...

Por isso que a noite é quente, 

Por isso que a noite é farta!

Que sirvam-se os deuses do amor 

Com o nosso banquete 

De ardor!

Rafael Luiz Santos 

Quero uma mulher que diga sim

Pesa

A desventuras 

Lesa 

Que tenho à esta altura 

Da minha idade;

Quero ser amado de verdade!

Quero uma pessoa que diga sim

E não me deixe no vácuo da ilusão.

Quero mais ação, 

Implosão,

Explosão,

De sentimentos que desconheço 

E não sei explicar;

Pois,  no começo, 

É só fogo a alimentar!

Quero uma mulher  que diga sim

E que não se importe que sou assim...

E que saiba que dentro de mim 

Há um homem pronto 

Para amar

Sem vírgula, sem ponto.

Sem reticências ou ponto interrogação..

Somente queimando a lenha da paixão!

Rafael Luiz Santos 

Notas de fé

Pelas dúvidas  

Não teria vida, 

Pois,

Depois 

Daquela súbita 

Caída,

Vem o  levantar!.

Se crer,

Pode Alcançar!

Não é uma frase clichê, 

É a verdade!

Não importa a divindade, 

 O que importa é a fé;

Mesmo que a vida pareça 

Dar ré!

Rafael Luiz Santos. 

Mudei

Mudei!

O quanto?

Nem canto...

Não ei 

De saber

A quantidade 

Nem a qualidade 

Do meu  ser,

Pois se eu disser,

Vou  mentir 

Sem sentir...

O fato é

Que mudei

De súditos 

Pra rei 

(E o inverso)

E de súbito,

Parei 

O universo 

De erros 

Que carrego 

Comigo;

Tirando os cheiros 

Que arrego 

No antigo 

Eu:

Cheiros de gente que morreu!

Rafael Luiz Santos 

Te amo, vó

É...

O efêmero da vida 

Não tem saída 

O que fica?

A doce lirica 

De seu  sorriso 

Os seus ritos 

Engraçado

E outros nem tanto...

O vazio do canto 

Arrastado 

Por lembranças 

De  minha criança 

A candura 

De sua pessoa 

Às vezes dura 

De coração mole 

Onde a proa 

Só havia saudosistas 

De gente que nunca morre...

Andava  sempre num repentismo 

De agonia 

Que invertia 

A noite e o dia...

Ódio 

Amor

Clonazepan era o ópio

Para sua  dor

Fisica e mental.

Achei que ela fosse imortal 

Como todo Amor maior 

Te amo, vó!

Rafael Luiz Santos 

MÃE É MÃE

 O que substitui uma Mãe?

Nada.

Nem a mais bela das fadas;

Nem a moeda mais dourada.

Mãe é Mãe...

Se tu tiveres numa lona

Com traças e cães,

Ela não te abandona.

E se junta a ti

Dizendo:

''Meu filho, estou aqui

Também sofrendo''.

Ela ora contigo;

Vale mais que um amigo...

E pede a Jesus

Carregar um pouco da tua cruz,

A sentir um terço de tua dor;

Se pudesse, pegaria tudo...

É um Amor

Que te tira de um poço fundo.

Amor de Mãe é afiliado a Deus:

Não importa que tu sejas cristão ou ateu,

Sempre terá acalento Seu.

RAFAEL LUIZ SANTOS

/

PORTA DO CORAÇÃO

Tranquei a porta do coração,

Deixando a chave na fechadura,

Numa direção,

Numa altura

Que Alguém alcance...

Cansei de procurar;

Resolvi esperar

Pra ver se há uma chance;...

Quem ousar abrir será feliz?

Isto que a placa diz,

Com questionamento...

De lá, foi difícil tirar a morena

E jogá-la ao vento;

Seu nome não era Helena;

Meu coração não era Troia;

Mas ela trouxe guerra, confusão e paranoia;

Era um amor mudo, platônico,

Soava sempre disfônico

Na minha mente...

Vire a chave se não for delinquente;

Abra a porta se não for vil;

Se não prestar,

Lhe jogo no rio                     

Do esquecimento;

E fico só com meu pensamento 

A poetar...

   Rafael Luiz Santos       

Grito

Há um ano atrás,

Não gritei  na tarde crepuscular 

Que traz 

Ao meu paladar 

Um gosto de sangue;

Não chorei diante 

Da pintura expressionista que tava ali:.

Muda, embaçada, à custa do breu;

Numa agonia.  o grito não saía dali!

Onde estava Deus?

Minha fé era uma  fagulha,

Na finura de uma agulha,

Imersa numa lúgubre sinestesia,

Ou numa gótica poesia;

O  ar exalava temor,

Terror,

Horror!

Espírito de pneumonia me sufocava

A me fazer cuspir sangue como larva!

O  catarro verde não era  a esperança 

Que eu tinha!

Tudo isso por um sonho de criança?

O grito ainda cutucava feito espinha

E meu corpo paralisado parcialmente;

Tudo isso valeu a pena verdadeiramente?

No cérebro, uma cirurgia;

No corpo, uma   batalha doentia 

Para viver em harmonia!

O grito... ainda tem serventia...

Rafael Luiz Santos

Amantes

 Curta e certeira como adaga 

Você acertou meu coração 

Oh, fada!

Você vem como um rio que lava o chão 

Arranhando as terras de minha pele 

Com suas unhas vermelhas 

Não há fogo  que se cele 

É um explodir, com faíscas e  centelhas 

Colorida 

Ah, minha linda, a vida é menos dolorida 

Com nós dois

Deixe as mazelas pra depois 

Ainda temos chama 

Aqui na cama

Ainda há lenha  pra queimar 

Neste motel 

O nosso templo de amar 

Viramos o santo néctar de mel

De um e outro 

Amanhã voltaremos ao mundo torto...

Rafael Luiz Santos 

Tenha fé

Ei! Deixe as dúvidas pra depois do café!

Tenha fé,

Você ainda está de pé!

Rafael Luiz Santos 

CIGANA DE OLHOS NEGROS

Oh, cigana de olhos negros 

De suas trevas não tenho medo 

É um paradoxo gótico 

Pois Deus anda no seu coração agnóstico 

É por isso que você é Luz 

Que nunca se  reduz 

Ao grande mal da humanidade 

Você é força,  confiança e verdade 

Sua voz faz meu coração palpitar 

Soando como uma canção de ninar 

Com você, é importante não rimar 

Sua honra é concreta

Sua persona sólida, direta

Nos sonhos  que alme

E tem o sucesso que planeja 

Em suas mãos

Eu te admir e lhe faço esta canção

Rafael Luiz Santos 

Questão

Ouço todos falarem por todo lado

Mas quem  vê o lado dos calados?

Ouço os barulhos dos maus

E o silêncio dos bons 

Quem será que divide o pão?

Onde está a empatia?

Só está no seu livrinho de poesia?

Se acha o Coitadinho 

E ingnorou o mendigo no  caminho?

Uma ignorância arbitrária

Quase involuntária 

Infelizmente.

Que existe no coração da gente!

Rafael Luiz Santos, 

EPOPEIA EM HAICAIS

         I

Este haicai

É sobre um samurai

Que se levanta de ai e ai.

       II

É um boxeador

Que enfrenta sua dor,

Sem frescura, sem pudor.

        III

Faça sol, faça chuva,

Não largas sua espada nem as velhas luvas;

E trilha por vis desfiladeiros, com agudas curvas.

         IV

Às vezes, duvida de si, 

Sem saber aonde ir;

Então, Senhor, ele ora  para Ti.

          V

Mesmo com katanas no pescoço,

Com adagas em seu dorso,

Com Deus, ele vai seguir...

Rafael Luiz Santos

 

ALTO

Me tirem o chão

Me tirem a terra

Que façam a explosão

Fazendo a guerra

No entanto

Infindável é meu céu

Pois com Deus eu canto

E não vou pra esse hell

Onde vivem os vermes

Os moribundos

Que atordoar  é seu cerne

Exibindo o podre mundo

De desamor

Cheio de discordâncias

De fome e dor

Onde está confiança?

Há germes no asfalto

E eu voo alto...

Rafael Luiz Sanos

Resiliência

Ele se segura. 

Para não ser escravo da solidão. 

Para não ceder à loucura 

Nos dias de decepção 

Amarra a amargura 

No seu eu sozinha

E  segue  a aventura 

De seu  caminho 

Em alegria e ternura 

A receita?

É seu sorriso na cara

O problema aceita 

Pois a vida  não para 

Duvida da sua resiliência 

Mas ela não é falsa 

Durante a sua experiência 

A vida foi fausta. 

E ainda continua...

E ele anda pela rua 

Com sua mãe companheira 

Para vida inteira 

Para  além do verbo Ir 

Vai até a Deus permitir. 

Rafael Luiz Santos 

ANA MARIA

Pois é,  Ana Maria

A vida não te fez mãe

Te fez tia

Tia-mãe todo o dia

Vi no âmago do seu ser

O que outrora

Você  queria ter

Mas não importa agora

Admira a tristeza ficcional

Para suprir a sua

É apressada, antes do sinal

Já está na rua

Esconde suas  saudades

No ritmo de sua volubilidade

É pra lá e pra cá

Até Deus mandar

Ana, tu és menina

Que vires borboletas

Não purpurina

No fim das tristezas...

Os sobrinhos são  filhos teus

A paz de Deus.

    RAFAEL LUIZ SANTOS

 

VELHICE

         Olho-me no  espelho e vejo a inconstância do meu lirismo anatômico e ideológico. Já não sou o que era ontem.  A beleza não é a mesma, mas ainda cintila em meus olhos. A feiura não horripila mais do que o mundo lá fora. Mudaram-se as ideias, as paixões, as certezas e as decisões. Mudaram-se todos. Todos mudaram. Não reconheço mais essa gente que  me rodeia. Não me reconheço mais...

   O que   me apetece? A  velhice. A minha e a  do mundo. Tudo que é novo é uma  derivação de algo velho, que  já existe há milênios. Nada me surpreende.  

  Quem é velho não pensa no próprio futuro.  Pensa  no futuro do outro e se preocupa com seus erros,   pois já errou demais e não quer que outros prove desse veneno doce que mata ou ensina. 

  O futuro é o mesmo que a morte: uma parede  invisível que a gente  não sabe onde está e, quando se topa com ela,  a vida simplesmente se  finda. 

 

 A  Velhice é assim:  só existe o  hoje, um círio que se desfalece em seu corpo vagarosamente,  o fazendo pesar cada  dia que passa até o tempo se tornar uma efemeridade imparável. 

A juventude é igual, só que, de tamanha ignorância , não vemos  a brevidade do      caminho que  se chama viver.

Rafael Luiz Santos 

Escrevo

Escrevo para ser livre 

Porque preso I live 

É bom ter a vida que não tive 

Por um momento 

Captando sentimentos

Alheios 

Fora dos anseios 

Longe de meus pensares 

Próximo aos meus pesares 

Sinto o mundo em meus dedos 

Viajo por outros medos 

Por outros desejos

Loucuras 

Semelhante aos meus ensejos 

Às minhas torturas 

Presas ao interior 

De mais um poeta  fingidor.

Rafael Luiz Santos 

MÃE

O tédio fala pelos cotovelos,

Enchendo minha cabeça  de besteira 

De devaneios;

A tarde inteira 

Me impregna as ideias!

Acabou a aventura?

Virou uma epopeia 

Nas alturas 

Do passado,

Cantada por  nenhum   bardo 

Que  preste!

Ainda tem algo que me reste?

Estou só  e à toa, 

Como uma árvore podada pelas pessoas,

Pela vida,

Pela aquela palavra não dita...

E me perdi no meio de mim,

Fazendo o bem pelos meus amados, 

E me esquecendo a fim 

De consertar o  inconsertado...

Não me  arrependo!

E meu grito  ecoa ,

Assim como Fernando Pessoa:

Tudo vale a pena

Se alma não é pequena!

Rafael Luiz Santos