sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

VELHICE

         Olho-me no  espelho e vejo a inconstância do meu lirismo anatômico e ideológico. Já não sou o que era ontem.  A beleza não é a mesma, mas ainda cintila em meus olhos. A feiura não horripila mais do que o mundo lá fora. Mudaram-se as ideias, as paixões, as certezas e as decisões. Mudaram-se todos. Todos mudaram. Não reconheço mais essa gente que  me rodeia. Não me reconheço mais...

   O que   me apetece? A  velhice. A minha e a  do mundo. Tudo que é novo é uma  derivação de algo velho, que  já existe há milênios. Nada me surpreende.  

  Quem é velho não pensa no próprio futuro.  Pensa  no futuro do outro e se preocupa com seus erros,   pois já errou demais e não quer que outros prove desse veneno doce que mata ou ensina. 

  O futuro é o mesmo que a morte: uma parede  invisível que a gente  não sabe onde está e, quando se topa com ela,  a vida simplesmente se  finda. 
 
 A  Velhice é assim:  só existe o  hoje, um círio que se desfalece em seu corpo vagarosamente,  o fazendo pesar cada  dia que passa até o tempo se tornar uma efemeridade imparável. 

A juventude é igual, só que, de tamanha ignorância , não vemos  a brevidade do      caminho que  se chama viver.


Rafael Luiz Santos 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

HAJA-SE LUZ!

HAJA-SE LUZ! Hoje careço de escrever poesia Para me despir desta mundana cacofonia Que impregnou o meu ser, Pretendo repelir meu crescer... ...