Não gritei na tarde crepuscular
Que traz
Ao meu paladar
Um gosto de sangue;
Não chorei diante
Da pintura expressionista que tava ali:.
Muda, embaçada, à custa do breu;
Numa agonia. o grito não saía dali!
Onde estava Deus?
Minha fé era uma fagulha,
Na finura de uma agulha,
Imersa numa lúgubre sinestesia,
Ou numa gótica poesia;
O ar exalava temor,
Terror,
Horror!
Espírito de pneumonia me sufocava
A me fazer cuspir sangue como larva!
O catarro verde não era a esperança
Que eu tinha!
Tudo isso por um sonho de criança?
O grito ainda cutucava feito espinha
E meu corpo paralisado parcialmente;
Tudo isso valeu a pena verdadeiramente?
No cérebro, uma cirurgia;
No corpo, uma batalha doentia
Para viver em harmonia!
O grito... ainda tem serventia...
Rafael Luiz Santos