No escuro, no meu quarto, eu apalpo a solidão...
Devaneando as volúpias desenhadas pela ilusão...
E tu, lasciva, ilusória, danças a serpentear no meu dorso,
Causando-me epiléticos espirais de alvoroço
Com esse falso coito ― imaginação!
É o que permeia entre mim e o vale da fornicação!
Um pecado etéreo, simbiôntico, que me controla de madrugada
Quando, na verdade, estou a olhar pro teto, pro breu e pro nada,
Arfando de um prazer parcial, solitário...
Nossa, Deus, que coisa de otário!
Nunca crescerei. Sempre serei este púbere menino,
Que jamais descobriu as relvas cálidas, macias, de um corpo feminino...
Jamais trilhou as veredas de suas libidinosas curvas...
Nem da boca... Nem da vulva...
E o delírio se finda num intenso sopro,
Exalando suor e gozo...
Fora apenas um remédio, um paliativo,
Para me convencer que aqui há um homem vivo.
Rafael Luiz Santos