O que odiei ontem

O que odiei ontem 

Foi passado  

Que voou 

Até a muralha 

Que eu amo hoje...

Passou efêmero, 

Feito vida de borboleta,

Feito areia de ampulheta::

O ódio de outrora 

O tempo devorou;

Não me lembro o que era:

Acabou...

Só vejo que amo agora!

O que odiei ontem 

Doeu demais pra se nomear;

Era uma âncora na minha costas,

Só riscava em linhas tortas 

Para um lugar que não é de se achar.

Hoje eu só quero amar .

Amar ao próximo, 

Amar a Deus

Amar quem irá me odiar amanhã!

Rafael Luiz Santos 

SIMPLES

O Amor não se escreve;

Não se fala;

Apenas dar e recebe.

E se cala;

Se vale pelo ato;

Não pelo contar;

Não tem hiato;

Não dispensa a perdoar;

Não é fogo como a paixão;

É a luz na escuridão;

É a fagulha inapagável;

É o custo impagável;

Não se pensa;

Só se sente;

Não se queixa;

Nunca mente;

É a verdade que conduz;

E temos que aprender;

É a sina de Jesus;

É amar sem se perder...

RAFAEL LUIZ SANTOS    

IMPALPÁVEL

Impalpável:

Não quero mais.

Só quero o que tocam minhas mãos e pés.

Apesar de serem poucas cousas,

São reais...

E isso só me basta,

Tolo é o desejo que grita seus  ais

Por vontades vis

E infernais;

Frívolo é o querer ter 

Ante a querer ser;

Frívolas expectativas 

Irreais,

Que me deixam num cais

A espera de um navio

Que não chega mais...

Sonhos perdidos?

Jamais.  

Bola pra frente, rapaz;

Contente-se com a canoa que veio

E vai...

E ao impalpável:

NUNCA MAIS!

RAFAEL LUIZ SANTOS;

A MINHA LITERATURA

 

A minha literatura

Não mente;

É pedra dura

Eloquente,

Descompromissada com a verdade;

Exala amor e saudade;

Expira o que não vivo;

Não cabe num só livro;

É imensamente utópica

Num multiverso de ótica;

É um pluralismo de falas

Na minha cabeça;

Difícil não ouvir as que são travessas...

            

RAFAEL LUIZ SANTOS